A artista visual Ana Norogrando, que tem ateliê na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, onde também mora, recebeu ajuda financeira da Fundação Adolph and Esther Gottlieb, de Nova York, para recuperar grande quantidade de obras de sua produção afetadas pela enchente histórica de maio.
A decisão da fundação foi tomada com base na relevância artística do trabalho de Ana, conforme Gaudêncio Fidelis, atualmente professor associado de História da Arte do programa de Arte e História da Arte do Hunter College da Universidade do Estado de Nova York. Ele acrescenta que o auxílio também é aportado para Ana ter condições de continuar produzindo com o mesmo empenho de antes.
O recurso financeiro é significativo, segundo a artista, e deverá possibilitar a restauração de grande parte das obras e da estrutura do ateliê, para que ela possa seguir trabalhando no local. "É muito complicado, só quem passa por isso sabe realmente como é", diz Ana.
Por ocasião da enchente que atingiu a capital e grande parte do Rio Grande do Sul, a artista estava envolvida com duas exposições de sua autoria em Portugal: “O Submarino Feminista Aquafluxo”, uma instalação multimodalidade, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa; e “A Crueza da Forma de Ana Flâneuse”, com 143 obras, na Galeria Museológica do Fórum Cultural de Ermesinde, na região do Porto, ambas com curadoria de Gaudêncio.
A distância e aflita, ela acompanhou os estragos causados pela inundação no seu ateliê, atingindo cerca de 700 obras, incluindo os depósitos (conteiners) com trabalhos que ficaram mais de um mês submersos em água contaminada e lixo. Muitas obras produzidas nas fases iniciais de sua carreira, como, por exemplo, as realizadas com tela de metal, foram perdidas. Outras necessitam de restauro imediato.
“O reconhecimento da Fundação Gottlieb assinala a importância da obra da artista, mas ao mesmo tempo lembra a ausência dramática de ajuda do governo do Estado para artistas que foram atingidos por esta enorme catástrofe tanto em suas obras como em suas vidas”, diz Gaudêncio.
Em outubro de 2015, em outra enchente, o Guaíba também inundou o ateliê de Ana. Ela participaria da 10ª Bienal do Mercosul e teve de usar barco para transportar suas obras.
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