Novela estrelada por grandes nomes parecia ousada nas chamadas, apresentando um casting luxuoso para uma trama que falava da filha de Santos Dumont que queria construir um avião atômico. Mas, na prática, foi uma confusão estranhíssima.
"Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá Se vai Dona Doida atrás da baaaaanda...". Os versos cantados por Rita Lee na abertura animada da novela de Lauro César Muniz confundiam o público em 1997. Afinal, era uma novela-deboche, no estilo "Que Rei Sou Eu?" e "Vamp?" Era uma novela futurista, no estilo "Transas e Caretas"? Uma novela-chanchada, no estilo de "Cambalacho"? Nada disso! "Zazá" era uma novela das sete com pitadas de comédia de costumes para narrar a trajetória da excêntreica Mariza Drummond (a Zazá), interpretada por Fernanda Montenegro.
Na trama, a herdeira de Santos Dumont queria dar um jeito na vida dos sete filhos, que tinham suas iniciais com base em escalas musicais. Isso mesmo!
DO era o Dorival (Cécil thiré)
RÉ era a Renata (Fafy Siqueira)
MI era o Milton (Antonio Caloni)
FA era a Fabiana (Julia Lemmertz)
SOL era o Solano (Alexandre Borges)
LA era a Lavínia (Vanessa Loes)
SI era a Sissi (Rachel Ripani)
Os sete filhos eram malsucedidos em suas carreiras, com excessão da ambiciosa Fabiana, que, aliada ao vilão Silas (Ney Latorraca) sabia muito bem o que queria: o poder e domínio da fortuna da mãe.
Desesperada, Zazá recorre a sete "anjos da guarda". Pessoas que ela encontra no meio do caminho para ajudarem seus filhos a terem um rumo. Esses sete anjos ajudariam os herdeiros dando um empurrãozinho em suas carreiras.
Se de um lado Zazá tenta dar um rumo na vida dos filhos, por outro lado vive um casamento falido com Ângelo (Jorge Dória) que, trai a amada com Tereza (Nathália Timberg). Com o passar dos capítulos, descobre-se que Silas, o advogado vilão, é filho do casal de amantes. Ao lado de Zazá, tanto para as questões familiares, quanto para a criação do bendito avião atômico, está seu fiel amigo e confidente Brigadeiro (interpretado por Fernando Torres).
A novela era promissora. O elenco muito bem escalado. A proposta, leve e divertida, mas aí a história esbarrou num problema: não era engraçada, não era farsesca e não era nonsense. Ou seja: seria divertido para o público ver um elenco tão interessante fazendo bobagens numa novela quase infantil. "Vamp" funcionou justamente por isso. Enquanto se manteve como uma trama gótica, pareceria frágil, mas quando assumiu a estética trash caiu no gosto popular. Já "Zazá", mesmo digirida por Jorge Fernando, não tinha uma justificativa para ser tão séria. Os elementos estéticos, visuais e publicitários eram engraçados. A cada vinheta de intervalo tocava a chiclete "Cadê Zazá, Zazá, Zazá?", o que podia pegar o público infantil, mas não havia núcleo infantil ou lúdico. Resultado? "Maria do Bairro" e a substituta "Chiquititas" fisgaram a audiência.
Dá pra entender o que o autor queria. Ele queria uma farsa.... uma história nonsense com um elenco primoroso, mas ou o texto ficou sério demais ou a direção ficou séria demais. "Zazá" não passou despercebida. É até hoje lembrada, mas não por ser uma história inesquecível. A lembrança que se tem era a de que havia uma novela muito doida e meio boba que passava nos anos 1990. Hoje, talvez, a trama tenha ares de obra cult, principalmente por ser protagonizada por Fernanda Montenegro, mas não é, nem de longe, uma obra que dê saudade.
"Zazá" foi exibida entre maio de 1997 e janeiro de 1998 em 205 capítulos e estárá disponível na íntegra a partir do dia 30 de dezembro no Globoplay.