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Josuel Junior - Editoria

ESPETÁCULO "MÃE BAIANA" EM CARTAZ NO CCBB RIO

Espetáculo presta homenagem a Léa Garcia, que estrelou a versão audiovisual da peça em seu último trabalho artístico

“Quando as pessoas são lembradas, elas não morrem”, disse a filósofa, escritora e professora Helena Theodoro nas conversas com as autoras Thaís Pontes e Renata Andrade, que escreveram a dramaturgia de “Mãe baiana”. Com direção de Luiz Antonio Pilar — vencedor do Prêmio Shell de Melhor Direção por “Leci Brandão - Na Palma da Mão” — o espetáculo está em cartaz até 31 de março de 2024 no Teatro 2 do Centro Cultural Banco do Brasil, com Dja Marthins e Luiza Loroza no elenco.

 

No palco, a dupla interpreta avó e neta que, ao viver um momento de luto em família, vê a relação entre as duas renascer. A peça, que joga luz sobre o papel poderoso e fundamental da mulher negra na sociedade, estreia na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. O projeto é apresentado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo, e Banco do Brasil.

 

O espetáculo faz parte da trilogia “Matriarcas”, ao lado de “Mãe de santo” e “Mãe preta”, idealizado pela atriz Vilma Melo e o produtor cultural Bruno Mariozz. A peça parte da perda de um filho, fato que Helena Theodoro viveu quando seu menino de quatro anos morreu afogado. Apesar da premissa triste, as autoras preocuparam-se em não pesar o espetáculo, até porque a personagem da avó – assim como a autora – sofre, mas entende a morte. No início, a neta não compreende, mas passa a entender ao longo da história.

 

Todo o pensamento da filósofa e primeira doutora preta do Brasil Helena Theodoro passa por suas experiências pessoais e afirma o princípio feminino preto com todas as suas possibilidades de existir, conservar, transformar e melhorar o mundo.

 

“Esse espetáculo é sobre relações – sobre relação de avó e neta, relação com a morte, com a cozinha, com a religião. A gente vai se transformando nos nossos, a gente vai se vendo... Escrever com a Renata Andrade foi um doce exercício de memórias, em que fomos lembrando histórias das nossas famílias”, conta Thaís Pontes, que recorda as conversas com a avó durante as madrugadas na cozinha de casa.

 

Para o diretor Luiz Antonio Pilar, a concepção de “Mãe baiana” nasce da proposta do texto. Nele, estão os conflitos de gerações e de conceitos entre uma jovem mulher de seus 20 e poucos anos e sua avó, octogenária.

 

“Um conflito que não significa necessariamente violência ou brigas, mas as diferenças de ideias de tempos que já passaram. São dois mundos diferentes que hoje estão no mesmo espaço”, analisa o diretor, que fala também sobre a perspectiva racial da montagem. “Me ressinto com a dramaturgia nacional que quando vai falar do negro, principalmente o urbano, é sempre no conflito da violência. A questão nunca é contraditória ou está na diferença de perspectiva. É sempre no jovem negro matando ou morrendo, da família desconstruída, da falta de afeto. Em ‘Mãe baiana’ o conflito está inserido numa sociedade cotidiana e na família geracional, constituída por mulheres, convivendo no mesmo espaço”, finaliza Pilar.

 

O cenário criado por Renata Mota e Igor Liberato é composto por ambientes de uma casa, divididos entre sala, cozinha e quintal onde avó e neta conversam, cozinham e recordam as histórias da família. No quintal, são usados dez quilos de terra e de sementes de girassol.

 

Homenagem a Léa Garcia

“Mãe baiana” também presta homenagem a Léa Garcia – grande dama do teatro negro brasileiro falecida em 2023. Léa estrelou a versão audiovisual do espetáculo em 2022, ao lado da atriz e apresentadora de TV Luana Xavier.

 

Na ocasião da temporada online, Léa falou sobre o trabalho. “Este personagem é importante porque traz uma avó, uma mãe preta, uma mãe baiana não estereotipada, nada submissa. Ela é uma mulher atual, avançadinha, o que me agrada muito. A personagem tem a consciência de sua existência enquanto mulher, mulher preta, um ser humano que lutou muito, uma cidadã, uma mulher consciente de sua ancestralidade, de sua vida enquanto mulher preta na sociedade, uma mulher inteira, sem artifícios, uma mãe moderna”.

 

No Cinema 2, durante a temporada, o público vai poder conferir a exposição inédita e gratuita “Baobá de Memórias”, com fotos de cena e de bastidores, além de áudios e figurinos da peça, que foi o último trabalho de Léa Garcia. Ao entrar na exposição, o público atravessa um labirinto de turbantes, numa instalação elaborada pela cenógrafa Renata Motta, até se deparar com um grande baobá com mais de 300 flores em formato pendular, que saem do teto em várias camadas. Quem assina a montagem da exposição é Winnie Nicolau, jovem artista de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nos sábados de março, às 18h, o público ainda tem a oportunidade de assistir, gratuitamente, a peça online no Cinema 2.

 

“Nessa homenagem, representamos Léa através desse baobá. Léa é nossa grande árvore que foi enraizada, que criou essas grandes raízes dentro desses 90 anos de vida em terra”, explica Bruno Mariozz, um dos idealizadores do projeto, ao lado de Vilma Melo. “É como se o público estivesse dentro dessa grande árvore, visitando as memórias de Léa. Lá, encontraremos imagens, fotos, áudios, recordações e muitas alegrias que tivemos ao lado de Léa Garcia ao longo do processo de gravação de ‘Mãe Baiana’. Há também uma grande estante de referências de livros de pessoas pretas, especialmente mulheres”, adianta.

 

QUEM FAZ

Argumento: Helena Theodoro | Texto: Thaís Pontes e Renata Andrade | Direção: Luiz Antonio Pilar | Elenco: Dja Marthins e Luiza Loroza   | Direção Musical: Wladimir Pinheiro | Direção de Produção: Bruno Mariozz | Diretora  Assistente: Lorena Lima | Iluminação: Anderson Ratto | Figurino: Clívia Cohen | Cenário: Renata Mota e Igor Liberato | Elementos Cenográficos: Clívia Cohen | Visagismo: Késia Lucas | Programação Visual: Patricia Clarkson | Design Gráfico: Rafael Prevot | Comunicação: Natasha Arsenio | Assessoria de Imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda | Produção Executiva: Walerie Gondim | Assistente de Produção: Mariana Pantaleão | Artesãs: Cíntia Miller, Winnie Nicolau, Ludmila Azevedo, Maria de Paiva | Cortador: Alex Coutinho        Cenotécnico: André Salles | Coordenação Financeira: Ingryd Cardozo | Contabilidade: Davi Andrade | Idealização: Bruno Mariozz e Vilma Melo | Produção e Realização: Palavra Z Produções Culturais


PROGRAME-SE

Espetáculo: “Mãe baiana”

Temporada: de 8 a 31 de março de 2024

Dias e horários: de quinta a sábado, às 19h | domingo às 18h

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Teatro 2

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Centro – RJ

Informações: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)

Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia-entrada.   

Bilhetes disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura  

 

Funcionamento:   

De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças).   

 ATENÇÃO Domingos, das 8h às 9h - horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017

 

Capacidade Teatro 2: 153 lugares

Classificação: 12 anos.

Duração: 60 min.

 

Dias 9, 16, 23 e 30 de março, às 18h, no Cinema 2

Sessão online da peça “Mãe Baiana”, com Léa Garcia e Luana Xavier

Ingressos gratuitos disponíveis a partir das 9h do dia do evento, na bilheteria física ou online.

 

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