Na programação do Sesc Pulsar, monólogo com Ana Carbatti reflete sobre os desafios da relação de uma mãe preta com seu filho diante do racismo na sociedade
O dilema de uma mãe preta em falar sobre o racismo na sociedade com o filho é o ponto de partida da peça "Ninguém Sabe Meu Nome", que inicia temporada pelo estado do Rio de Janeiro no Teatro Sesc Campos no dia 9 de junho, sexta-feira, às 20h. A produção, aclamada por público e crítica, tem idealização e interpretação de Ana Carbatti, que também assina o texto com Mônica Santana, e direção de Inez Viana e Isabel Cavalcanti. A iniciativa tem apoio e patrocínio do Sesc pelo Edital Pulsar e percorrerá as unidades de Niterói, São João de Meriti, Ramos (Rio de Janeiro), Valença e Barra Mansa.
O monólogo reflete sobre os códigos racistas tácitos da sociedade, seus impasses, impactos e possíveis propostas de reparo. Em meio a isso, o desafio de uma mãe preta de meia idade, Iara, para educar e orientar seu filho pequeno, Menino, diante de uma sociedade que não o reconhece como igual, mesmo em um país, o Brasil, que tem a maior população preta do mundo fora do continente africano. Em cena, Ana Carbatti, de inúmeros papéis no teatro, na televisão e no cinema, se multiplica em muitas vozes e corpos, cujas expressões são as premissas do projeto.
"Da reflexão ao entretenimento, provocando engajamento e empatia, distinguimos o problema do preto e o problema do branco. Iara só quer ter a certeza de que seu filho vai chegar à idade adulta e se tornar um cidadão comum e respeitado. A sua angústia sintetiza a de milhões de mães no Brasil e no mundo", conta a premiada atriz, indicada ao Prêmio Shell e ao APTR pelo papel.
Tudo começa quando ela acorda de um pesadelo onde ocorre o desaparecimento de Menino. A partir daí, começa por questionar sua própria existência e sua função na sociedade, como mulher e mãe: educar seu filho para que se desenvolva como um indivíduo que cresça, floresça e contribua para a sociedade ou despi-lo, ainda em tenra idade, de sua inocência de modo a prepará-lo para o enfrentamento de uma sociedade que não o reconhece como igual. Em uma conversa íntima com o público, ela discorre sobre suas principais angústias, medos e esperanças, falando através de todos os seus sentidos, se expondo e expondo seu corpo tão marcado quanto belo, tão liberto quanto invisível.
"É urgente refletir e falar sobre o racismo no Brasil e sobre a violência que sofre a população preta, grande maioria no país. É fundamental repensar a história brasileira: um país fundado a partir do massacre violento de muitos, por parte de uma elite privilegiada. Nesse momento, em que vivemos um período de retrocesso político atroz, de guerra psicológica, emocional e moral, é fundamental esse debate no teatro, que é o lugar em que a nossa humanidade ainda sobrevive. E onde ainda é possível um diálogo amoroso", ressalta Isabel Cavalcanti.
Sem deixar de lado o humor e a empatia, o espetáculo traz uma reflexão sobre como a sociedade ainda precisa compreender sua responsabilidade e agir para reparar sua dívida histórica com a população preta.
"Promover a presença e o protagonismo pretos é necessário para a construção do que pode(re)mos chamar de identidade brasileira. E só o antirracismo conseguirá nos devolver à humanidade perdida em mais de 300 anos de escravização. Não haverá liberdade enquanto não houver igualdade. Essa peça é uma das mais importantes que já fiz, em quase 40 anos de teatro. É a palavra-semente que precisa ser espalhada pelo mundo", destaca Inez Viana.
PROGRAME-SE
“Ninguém Sabe Meu Nome”
Data e horário: dia 09 de junho, sexta-feira, às 20h
Local: Teatro Sesc Campos - Av. Alberto Torres, 397 – Centro, Campos dos Goytacazes
Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 60 min
Gênero: drama
Mais informações: https://www.sescrio.org.br/unidades/
Instagram: @ninguemsabemeunome_
Programação - Circulação SESC:
Niterói | Teatro | 15/06 | 19h São João de Meriti | Teatro | 01/07 | 19h Ramos | Teatro | 06/07 | 19h Valença | Teatro Rosinha de Valença | 07/07 | 20h Barra Mansa | Teatro | 20/07 | 19h
QUEM FAZ
Idealização: Ana Carbatti
Texto: Ana Carbatti
Dramaturgia: Inez Viana e Mônica Santana
Direção: Inez Viana e Isabel Cavalcanti
Direção de Movimento: Cátia Costa
Cenário: Tuca Mariana
Figurino: Flávio Souza
Desenho de Luz: Lara Negalara e Fernanda Mantovani
Direção Musical: Vidal Assis
Direção de Produção: Aliny Ulbricht
Produção Executiva: Raissa Imani
Direção de Comunicação: Daniel Barboza
Coprodução: Kawaida Cultural
Assessoria de Imprensa: Carlos Pinho
Apoio: SESC-RJ
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