Estudantes do ensino médio compareceram às sessões da ópera "Os Sete Pecados Capitais", que, durante três finais de semana, levou o público do DF de volta ao teatro.
A ópera "Os Sete Pecados Capitais" foi a primeira experiência do gênero a retornar aos palcos do DF na fase de liberações das atividades artísticas pós-pandemia. Obviamente, como o Brasil ainda passa por um processo de adaptação ao retorno gradativo, cada teatro que recebeu o espetáculo adaptou sua estrutura para manter o distanciamento do público e preservar a saúde de todos.
A primeira apresentação foi realizada no Espaço Cultural Lábios da Lua, na cidade do Gama. No final de semana seguinte, a equipe montou a estrutura no Espaço Cultural Pé Direito, que fica na Vila Telebrasília. Já no último final de semana (o de encerramento da temporada), foi a vez do Teatro da Universidade Católica, em Taguatinga, receber a atração.
“Os Sete Pecados Capitais dos Pequenos Burgueses”, ou “Die sieben Todsünden”, foi composto por Kurt Weill para um libreto alemão de Bertolt Brecht em 1933. Foi a última grande colaboração entre Weill e Brecht. Quase 1500 anos depois de São Gregório listar os Pecados Capitais, eles são praticados cada vez mais rotineiramente pelas pessoas sem que elas tenham o menor complexo de culpa. Há quem diga que alguns pecados viram até virtudes. A ópera alemã foi adaptada para o português e tem no enredo um contexto que passeia por cidades do DF e de Goiás.
Esta obra, em específico, traduz as facetas de uma personagem, que a pedido de sua família viaja para seis cidades diferentes com o objetivo de ganhar dinheiro para construir uma pequena casa às margens de um rio. Para tal, foram reunidos profissionais do DF, Espanha e Alemanha, valorizando um caráter educativo e inclusivo de forma que desconstrua qualquer tipo de preconceito com o novo, com o diferente.
Reproduzir a ópera num contexto brasiliense, democratizando o tema e relacionando os pecados com as cidades brasileiras faz com que a proposta chegue mais fortemente ao novo público consumidor de ópera.
E em Taguatinga, estudantes do Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia foram recebidos pela equipe de produtores, artistas e técnicos para um tour pelos bastidores do teatro. Lá, puderam conhecer a maquinária, como as estruturas são montadas, como os artistas se preparam e toda a correria de iluminação e produção. Uma aula de artes dentro do próprio teatro. Ao final de uma das sessões, foi a vez de trocar ideias sobre a experiência. Estudantes e artistas falaram suas dúvidas, curiosidades e interpretações da ópera. Para muitos, foi a primeira experiência num teatro de verdade.
Um dos estudantes, Jonathan Araújo, do 2º ano, indagou sobre dualidade entre "as protagonistas" Ana I e Ana II, que possuem personalidades diferentes, mostrando que uma era o alterego da outra. E nada melhor do que ouvir das próprias intérpretes das personagens as visões técnicas e conceituais sobre a proposta. Ainda no bate-papo, Lucas Dias Brasil, estudante que está saindo do 3º ano, comentou sobre as inquietações e sensações de assistir à uma obra alemã com o contexto brasiliense.
O passeio marcou o encerramento do ano letivo de 2021 para alguns dos estudantes e só foi possível graças à parceria entre a produção do espetáculo, a comunicação da Universidade Católica, a equipe de gestores do CEM 414 de Samambaia e o Sinpro DF.
"Os Sete Pecados Capitais" encerra a circulação no DF com êxito, auxiliando no importante retorno do público ao teatro e incentivando a formação de plateias de Brasília e do Brasil.
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