Livremente inspirada na peça "A visita da velha senhora", do suíço Friedrich Dürrenmatt, a novela "Fera Radical", escrita por Walter Negrão, trazia Malu Mader no papel de uma analista de sistemas em busca de vingança. A trama entrou nesta semana no catálogo do Globoplay.
O ano era 1988 e Malu Mader estava encarando sua primeira protagonista em novelas. Cláudia era uma analista de sistemas que estava de volta à cidade de Rio Novo em busca de vingança... Especialista em informática, a moça foi a personagem que conduziu as descobertas contra a família Flores, por meio da investigação de dados virtuais. Anos atrás sua família foi morta numa emboscada. Para conseguir justiça, ela vai trabalhar na fazenda dos inimigos de seus pais, fazendo nascer uma rede de suspense, armadilhas e uma paixão inesperada. Ali, se envolve em um triângulo amoroso com dois irmãos, Heitor (Thales Pan Chacon) e Fernando (José Mayer). A novela discutiu temas como inseminação artificial e contrabando.
O enredo da peça "A visita da velha senhora", de 1964, não é totalmente usado na novela. Apenas a premissa do retorno da protagonista é validada. Vale lembrar que o autor da novela, Walter Negrão", já havia escrito "Cavalo de Aço", novela de 1973 que contava basicamente a mesma história de vingança. A diferença é que o protagonista era Tarcísio Meira e o cavalo de aço era a motocicleta do herói vingativo.
Na peça, Claire Zachanassian era a viúva de um empresário do petróleo. Riquíssima, ela visita sua cidade-natal. O prefeito e os demais cidadãos estão esperançosos que ela use sua fortuna para recuperar a cidade. De fato, a mulher oferece alguns milhões para a cidade e para cada cidadão, mas com uma condição: que elas condenem à morte Serge (o prefeito), que a deixou em desgraça anos atrás, quando a fez fugir da cidade. Esse mote foi usado em muitas outras novelas. Os mais atentos perceberão fortes influências do plot dramático em outras tramas, como "Tieta" (1989) e "Fera Ferida" (1993), ambas de Aguinaldo Silva.
"Fera Radical" tinha algo de rural e de urbano, tanto no enredo, quanto na trilha sonora, que ia de Lulu Santos a Sá & Guarabyra. O ritmo é lento, mas quem assistiu em 1988 no horário das seis, em 1991 no Vale a pena ver de novo ou em 2017 no Canal Viva certamente vai gostar de tê-la disponível para rever quando e como quiser.
Curiosamente, a novela também é lembrada por uma tragédia. Logo após seu fim, a atriz Yara Amaral, que interpretou a vilã Joana, foi passar o ano novo no lendário Bateau Mouche, no Rio de Janeiro. A embarcação virou e muitas pessoas que estavam a bordo morreram afogadas. A atriz foi uma delas.
*Com informações do G1.
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