Em 2008, teve palestra com Marília Pêra e Sérgio Viotti, incentivo a novos espetáculos de estudantes e até uma turma que, em protesto, decidiu não convidar ninguém para a apresentação. Saiba mais sobre a Mostra Dulcina.
O ano de 2008 em Brasília foi o "Ano Dulcina de Moraes" em reconhecimento à luta da atriz que tanto contribuiu para a cena cultural do DF. Exposições, palestras e eventos especiais deram charme às comemorações do Centenário de Dulcina de Moraes.
Uma das iniciativas que chamou a atenção na época foi uma aula magma com Marília Pêra, atriz que tanto conviveu com Dulcina. A participação dela causou comoção e representa um importante período da FBT, que contou com a Associação dos Amigos de Dulcina (AADM). No palco, para mais de 200 pessoas, Marília contou parte de sua trajetória, rememorou papeis na televisão e deu uma verdadeira aula de amor ao teatro. Um dos únicos registros de vídeo existentes foi recuperado e disponibilizado no Youtube neste ano de 2020. Segue o link para você assistir depois de ler esta matéria:
Quanto às duas edições da Mostra Dulcina realizadas em 2008 (a 7ª e a 8ª), o que pode ser constatado é que o padrão do evento foi elevado, proporcionando maior número de atrações e transformando uma mostra acadêmica num quase festival de teatro convencional.
7ª MOSTRA DULCINA
A sétima edição da Mostra foi realizada por um conjunto de parcerias. O projeto contava com verbas do FAC e com o apoio do Instituto Arte Cia e Cidadania, de Samambaia. A produção executiva ficou a cargo de Tiago Nery e Luciana Amaral. Na equipe de produção operacional, Isadora Stepanski, Bob Rodrigues e Josuel Junior.
Na programação, um novo formato: além dos espetáculos de término de semestre, atividades da licenciatura foram incorporadas, através de oficinas, demonstrações de trabalhos e seminário. Ao todo, dezessete ações foram apresentadas.
A peça "Dulcina's", dirigida por Ricardo Guilherme, trazia Ruth Guimarães num monólogo que homenageava a fundadora da faculdade; "Du Encenas" trazia um conjunto bem humorado de cenas curtas dirigidas por Cristiane Sobral; "Um Grito Parado no Ar" foi inspirada em textos de Gianfrancesco Guarnieri e tinha direção de Bárbara Tavares; "Doroteia", dirigida por Joana Abreu, mostrava a versatilidade de atores na adaptação da obra de Nelson Rodrigues; "Fragmentos perdidos de amor", dirigido por Alessandro Brandão, mostrava cenas construídas a partir de estudos da obra de Shakespeare.
Seguindo os espetáculos, "Assim é (se lhe parece)" foi dirigido pelos Irmãos Guimarães e apresentava uma adaptação do texto e Luigi Pirandello. Uma obra que chamou a atenção foi "A Quinta Hora", adaptação de textos de Federico Garcia Lorca. Com direção primorosa do estudante Marcello d'Lucas, mostrava a força dos intérpretes em cena e um refinamento de dramaturgia e encenação. A peça foi apresentada no Festival Entepola Chile e seguiu temporada no Teatro Goldoni. Já "Abstratos do Cotidiano", trazia direção de diferentes estudantes sob orientação de Tullio Guimarães. Com produção de Isadora Stepanski, algumas cenas de destaque foram apresentadas em mostras e eventos fora da faculdade. Houve nessa ação uma tentativa de formar um núcleo cênico "de exportação" das peças do Dulcina - fato que só foi consolidado no ano seguinte.
Encerrando as apresentações da edição da Mostra, "Purpurinástico 80", um seminário sobre a cultura de massa brasileira. De maneira bem humorada, estudantes da licenciatura promoveram esse seminário nas disciplinas Cultura Brasileira e Sociologia da Arte com instalações de discos de novelas, bandas musicais infantis e brinquedos antigos. O seminário foi incorporado à programação e, durante quatro dias, movimentou os corredores da faculdade com muita informação, humor e lambada, além de promover um irônico concurso de paquitas acadêmicas (em alusão ao programa da Xuxa) como parte de divulgação do trabalho.
8ª MOSTRA DULCINA
Quatro atrações teatrais e quatro exposições de artes visuais fizeram parte da oitava Mostra Dulcina, que teve um significado especial, seguindo as comemorações do centenário da atriz que deu nome à instituição. Essa edição representa também uma troca de gestão administrativa, que, na época, investiu consideravelmente na faculdade e nos estudantes. A comissão organizadora aumentou e o projeto idealizado por Francis Wilker ganhou novos membros: Cecília Mori, Isadora Stepanski, Tiago Nery, Thiago Jorge, Josuel Junior e Yana Bórem trabalharam pesado sob a coordenação de Lúcia Andrade, diretora acadêmica no período.
O espetáculo de abertura foi convidado. "Uma Boneca no Lixo" Já havia sido encenado na UnB por Cristiane Sobral e ganhou força, sendo celebrado até hoje. O monólogo dirigido por Hugo Rodas, convidava o público a refletir sobre o racismo. Já "Amor em Nós", dirigido por Alice Stefânia, era um exercício cênico inspirado na obra "Eu sei que vou te amar", de Arnaldo Jabor, e em canções que tratavam do tema amor.
A peça "O Reino", projeto de diplomação dirigido pelos Irmãos Guimarães, era uma livre adaptação de "El Método Grönholm", do espanhol Jordi Galcerán. Encerrando as apresentações teatrais, o exercício cênico "Pequenos Monólogos", composto por leituras dramáticas de textos de Nelson Rodrigues. Esse curioso projeto marcou uma nova fase, pois foi uma experiência dos mesmos diretores com uma turma de licenciatura. A disciplina gerou discussões internas que foram inflamadas por dois semestres, mediante questionamentos de métodos avaliativos, ganhando atenção especial do corpo acadêmico. Em protesto inédito, os estudantes da disciplina se recusaram a convidar amigos e parentes para as únicas duas apresentações.
A oitava mostra contou ainda o Seminário 100 Anos de Dulcina de Moraes, uma Feira Cultural com festas e shows e quatro exposições: "Trans-Aparência", com curadoria de Cecília Mori e Luciana Paiva; "Prova de Figurino", com curadoria de Cyntia Carla; "Fotografia - Aquém e Além", com curadoria de Ruth Sousa; "Identidade: Mulher", com curadoria de Ana Marta Austin, Mônica Palhares e Tatiane Romeu.
No próximo texto, as edições de número 9 e 10 da mostra , onde o alto investimento na Faculdade no ano de 2009 proporcionou a criação de uma incubadora cultural que auxiliou na exportação de espetáculos de destaque do Dulcina para teatros do DF e países da América Latina. Ao todo, oito obras foram co-produzidas pelo selo que ficou conhecido como "Dulcina Parcerias Teatrais".
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