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Josuel Junior - Editoria

POR QUE NÃO SOU CHAMADO PARA OS CASTINGS NO DF?

Existe realmente a "panelinha" ou o que existe é a não divulgação efetiva do próprio trabalho? Pensando nisso, o Portal Conteúdo conversou com artistas e com produtoras de elenco da capital.

Acervo Pessoal do Autor - Josuel Junior

Muitos atores recém formados têm encontrado dificuldades no contato com produtoras de audiovisual em Brasília. Isso apresenta a problemática do circuito restrito das seleções e dos artistas que não sabem como lidar com a divulgação de seus próprios trabalhos. Com essa matéria, o Portal Conteúdo espera te ajudar a ser visto pelos agentes.


Pra começo de conversa, é importante pensar em duas máximas:

1 - O produtor de elenco sempre vai precisar fazer uma seleção em cima da hora;

2 - O ator e a atriz precisam ter material e tempo disponíveis para tais seleções.


Parece óbvio, mas ainda há muita gente que demora um bocado pra responder às mensagens em grupos de whatsapp referentes à castings. Brasília, como muitos sabem, é o terceiro lugar do país onde mais se grava filmes publicitários, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro. Isso acontece porque boa parte das campanhas do Governo Federal são rodadas aqui... e muitas dessas campanhas são aprovadas e logo colocadas no ar (o que exige rapidez na aprovação do conceito, na escolha da produtora, na seleção de elenco, na gravação e na edição). Com isso, as produtoras de elenco não têm muito tempo de abrir câmera em estúdio, agendar mil e um horários pra gravar os testes em HD, exportar os arquivos e enviar para os clientes. Ainda mais com a pandemia, onde todos nós aprendemos que é possível realizar selftapes (testes de vídeo caseiros) com o celular.


Agora pense como um produtor. Você assumiria o risco de chamar, assim, do nada, uma pessoa que não conhece pra um teste? Pois é... essa resposta faz com que um mesmo grupo de atores e atrizes seja requisitado para futuros trabalhos, pois já lidam, operacionalmente, com a linguagem.


Mas, como esses atores conseguiram entrar no circuito de elenco requisitado pros testes?

Para responder à essa questão, tomarei a liberdade de dar um exemplo pessoal. Este colunista que vos escreve tem trabalho bastante ativo no teatro e no universo audiovisual. Desde muito novo, sempre arquivei meus trabalhos no Youtube para que, caso um dia algum casting solicitasse imagens antigas, eu já tivesse o link ali, disponível. Além disso, foi necessário sim um investimento num website que comportasse muitos arquivos. Isso facilita muito o processo de apreciação de nossa carreira por parte de diretores e clientes. No meu caso, subdividi alguns combos de vídeos, como:


1 - Teatro;

2 - Campanhas Publicitárias;

3 - Apresentação de Programas e Séries;

4 - Dramaturgia (que vai desde participações de figuração a atuação em novelas, filmes e videoclipes);

5 - Entrevistas em Vídeo.


Dessa forma, o selecionador do elenco já sabe que está tudo tão organizado no Site/ Youtube/ Instagram e que, caso o cliente tenha dúvida, saberá como pesquisar coisas minhas sem que dependa do meu próprio envio. Assim, geralmente sou avisado que estou numa seletiva quando ela já começou. Isso se chama confiança e credibilidade na relação entre agentes e artistas.


Porém, para além do investimento pessoal em sites, bons ensaios fotográficos e catalogação e edição de vídeo ao longo dos anos, há também outros fatores importantíssimos: Como o agente de elenco vai te escolher se você não se mostra disponível? Em seu instagram há trabalhos seus para apreciação? Há boas fotos para um tira-teima no caso de um casting? Há entrevistas suas ou vídeos seus mostrando sua desenvoltura e espontaneidade? Audiovisual se faz com vídeo. Há vídeos seus por aí?


Juliana Plasmo (33), uma das atrizes mais atuantes no DF no setor audiovisual, contribui com esse pensamento:


"Eu sempre reflito conversando com as pessoas pelo whatsapp. Tem muitos artistas que, quando você conversa, não se mostram disponíveis. Isso a gente nota quando a pessoa demora umas cinco horas pra te responder. Essa aitude fala muito sobre a disposição para o trabalho e, querendo ou não, define a maneira com a qual você lida.

Juliana Plasmo - Arte sobre acervo pessoal

Juliana se formou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, mas já tinha relevante experiência com audiovisual antes da graduação. Sobre essa experiência pregressa e o buburinho durante a faculdade, explica:


"Isso sempre guiou minha abertura e os contatos que eu fazia no Dulcina. A faculdade é o lugar de ir conversando com as pessoas da mesma área da gente, como professores, colegas que trabalham nesse segmento. Dá pra ir sondando quem realmente trabalha, quem, de fato, está circulando pela área... No audiovisual, é preciso saber o que você quer. Um ator de teatro pode não ter afinidade com a câmera porque nunca, sequer, flertou com ela. É preciso ter familiaridade, se é o que você quer também. É interessante contatar as produtoras, manter um bom relacionamento com as contratantes. São relações humanas e dentro dessas relações tem ética e profissionalismo. Tem que saber se impor, exigir respeito, mas também tem que entregar o que é solicitado. Tem que saber executar o que lhe é pedido. Trata-se de um mercado concorrido e não dá pra ficar defasado na concorrência. Por mais que perfis físicos sejam determinantes na escolha ou não de uma pessoa, o fator de afinação entre repertório de trabalho e de estudo também conta. Tem que dominar a área."


A atriz defende que o artista precisa ter seu material profissional pronto, no ponto de ser distribuído. Isso vai desde qualidade das fotos, com boa iluminação e resolução, até a maneira com a qual esse acervo é difundido. Para ela. o artista da cena é, também, um artista da imagem. Faz parte do repertório e do portfólio ter um bom material de divulgação.


"É importante flertar com o marketing. Saber o que você quer mostrar. O meu Instagram é o folder da minha empresa. Se tem muitos contratanrtes na internet e se eles entram nas redes pra nos conhecer, o que eu quero que ele veja? Como eu quero que ele veja? O que, de mim, eu quero que seja visto nas redes?".


A seleção de elenco é um teste da vaidade e um exercício contínuo de manutenção de autoestima também. Por ano, eu, Josuel, devo fazer uns 60 testes de vídeo. Desses 60, não passo em uns 45. Receber tantos "nãos" também é um exercício difícil... mas quando surge um novo teste, lá vou eu de novo montar meu tripézinho, montar minha luz, passar uma base e um pó de leve no rosto para mais um vídeo curto feito em casa. A vantagem é que, mesmo levando muitos "nãos", os 15 "sins" valem muito a pena, afinal, gravar 15 propagandas/programas ao ano é um número ótimo, confesso.


Gabriel Cabral (22) cursa o último semestre de Artes Cênicas na UnB. O ator tem curiosidade de experimentar trabalhos audiovisuais, uma vez que o teatro ainda se faz muito presente em sua rotina.


"Ter espaço pra proporcionar uma experiência ajuda a viabilizar até pra gente ver se quer seguir e se aprofundar na área do audiovisual. Eu pretendo me inserrir nela, mas sinto falta de um exclarecimento sobre o mercado em si. Há publicidade, mas há também filmes, séries e isso instiga muito quem não tem tanta experiência."

Gabriel Cabral - Arte sobre acervo pessoal

O artista também atua como professor de Arte e sabe que é importante estreitar os laços com produtoras de elenco da cidade:


"Sinto falta de uma comunicação mais direta e assertiva com pessoas que já trabalham nesse mercado e que produzem audiovisual. Já participei de testes e seleções, mas os contatos sempre foram por indicações dos colegas das artes cênicas. Aí sigo o produtor, envio meu material e fico na torcida, mas estar em grupos de castings, onde tudo é mais prático, ainda é algo distante pra mim. Não tenho contato direto com as produtoras nesse formato."


O que acontece também é uma espécie de ruído da comunicação entre agentes de elenco e pessoas que pretendem entrar no mercado. Notadamente, conforme explicado acima, alguns colegas recorrentemente se encontram nessas disputas por papeis. A renovação desse quórum é sempre aberta, embora haja uma rede de apoio entre profissionais já conhecidos (tanto pelo público, quanto pelos próprios artistas e produtores). No entanto, vale lembrar que o que o produtor de elenco precisa é ter bons profissionais para uma seleção e, muitas vezes, os rostos se repetem porque não dá pra ter uma ponte direta com os novos profissionais em formação ou recém formados. São nichos diferentes. As academias rejeitam o mercado de trabalho e não abrem espaço para discussão sobre produção cultural - o que faz com que o estudante de artes sinta a prática audiovisual como algo excepcional e passageiro, quando, na verdade, é o ganha-pão de muita gente. A dificuldade, neste caso, é dos dois lados.


Camila Barcelar recorrentemente está por trás de atores, atrizes para compor banco de elenco, elenco de apoio e de figuração. Sobre o contato com novos nomes, a profissional desmistifica a dificuldade do acesso e comenta:


"Não me importo em passar o contato para quem interesse. É pra mandar mesmo! Não precisa ser ator experiente. Pode ser figurante também. Sempre haverá um trabalho em algum momento."

Agentes de Elenco do DF em campo. Camila Barcelar, Anelise Pinto e Guinada Produções (Arte sobre Reprodução do Instagram)

Para a realização desta matéria, o Portal Conteúdo conversou aberta e francamente com Camila e com outros profissionais que estão por trás das câmeras. O que foi possível perceber é que há abertura para novos nomes, mas não há uma ponte para tal.


"Pra mim é muito importante ter novos rostos e tenho dificuldade em saber quem são essas pessoas interessadas", ressalta Anelise Pinto, que também desenvolve um importante trabalho no mercado publicitário de Brasília. Muitos artistas que hoje estão nesse mercado tiveram seu primeiro composite profissional (fotos de trabalho) através de uma iniciativa da profissional, que abriu uma empresa de casting na década passada. Inclusive, meu primeiro book no DF, feito de maneira gratuita e acessível, foi por intermédio dela. Na época, vários estudantes da Faculdade Dulcina foram em comboio para o estúdio no SAAN para esse primeiro contato e isso ainda reverbera no cenário atual, pois os estudantes de cênicas de 12, 13 anos atrás, são os rostos recorrentes na televisão e nos outdoors do DF.


Guilherme Angelim, sócio da Guinada Produções, responsável pelo elenco de muitas campanhas regionais e telefilmes da Globo Brasília, reforça:


"Eu imagino que falte essa oportunidade para essa galera. Com a pandemia, o mercado estacionou, parou e agora está retornando. Pode indicar a Guinada, siom. Estamos sempre precisando de gente nova e quando precisamos anunciamos nas redes também"


Como funciona, na prática, a seleção de elenco no DF?

Antes da pandemia, o comum era abrir câmera em algum estúdio de produtora. O que é abrir câmera? Cada agente de elenco pré-selecionado por uma empresa de publicidade/cinema recorria a seus atores cadastrados para que fossem aos estúdios para gravação de teste ao vivo. Lá, recebiam um texto ou instruções para entrar e gravar em chroma. Ao final da seletiva, o material era pré-selecionado (com os melhores takes de cada ator) e enviado para o diretor do filme/da campanhha, seguindo para aprovação ou não do cliente que contratou a produtora de vídeo. Aí, caso o ator ou a atriz fossem aprovados, começariam aí os tramites burocráticos/técnicos: Prova de figurino, envio de texto completo, agendamento e conciliação de datas para gravação e ajustes de pagamento (lembrando que cada agente de elenco, recebe uma porcentagem por seu trabalho com base no cachê do ator escolhido - afinal, é a ponte entre o ator e o contratante).


Agora, na pandemia, como é?

Geralmente cria-se um grupo de Whatsapp com um título como "SELEÇÃO CAMPANHA XXX". Aí nós, atores, somos notificados e já pensamos que é um novo teste e esperamos as coordenadas sobre o produto e o cachê. O que é pedido, na maioria das vezes, é o envio de fotos de rosto (sorrindo e sério) + videoteste dentro do prazo estabelecido. Então, cria-se uma listinha, dentre os selecionados, para ver quem topa fazer o trabalho. Cada artista que topa grava em sua casa de acordo com seus equipamentos (celular, câmera e tripé). Nem preciso dizer que a lente precisa estar limpinha e que o teste deve ser feito olhando para a câmera e não para si mesmo, né?! Os testes e fotos não precisam ser expostos para todos os participantes. A instrução é que o material seja enviado de modo privado ao agente em questão. Quem NÃO PASSA não chega a ser notificado pessoalmente. Quem PASSA recebe uma mensagem individual para as discussões sobre datas de pagamento e dias de gravação.


E como o Portal Conteúdo pode me ajudar?

Simples! Como já houve uma conversa com as principais produtoras de Brasília e elas estão dispostas a aumentar o leque de opções de artistas para possíveis seletivas de elenco, criamos um modelo de cadastro simplificado pra que você, artista-leitor desta matéria, possa ter seu contato incluído nas agendas. Só que já sabe... Ter boas fotos e um material anterior já ajuda muito.


Você vai COPIAR o modelo abaixo e enviar no Direct do Portal Conteúdo. Semanalmente, conforme os artistas forem enviando os dados, encaminharemos a listinha para as produtoras do DF.


Segue modelo pra você ver, COPIAR, ALTERAR COM SEUS DADOS e COLAR em nosso Direct:


NOME ARTÍSTICO: Josuel Junior

IDADE: 35

DRT: 6480 DF

CAMISA: P ou PP

CALÇA: 36

SAPATO: 38

ALTURA: 1,69

DIRIGE: Sim, carro.

INSTAGRAM: @josueljunior1

TELEFONE: (61) XXXX-XXXX

E-MAIL: XXXX@XXX

RESPONSÁVEL: Em caso de menores de idade.


Se você ainda não tem DRT, site ou canal do Youtube, não se preocupe, até porque, dependendo do trabalho, não será algo requisitado. Lembre-se de que você deve mandar os dados no Direct do Instagram @portalconteudo1.


Vamos movimentar essa carreira? Vamos fazer boas fotos e vídeos? Vamos interagir com mais equidade? Se ligue nas matérias do Portal Conteúdo. Sempre há informação fresquinha sobre o universo das artes pra você.


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