Num momento de mercúrio retrógrado, rever os caminhos, rever onde se acerta e onde se erra tem sido uma constante na vida de muitos artistas ligados às questões místicas. Então, já que ainda não é totalmente possível prever o futuro, falemos hoje, agora, neste instante, de Antonio Chaves.
Ele é um cara místico, ligado em astrologia, filosofia, tem contato direto com a natureza e com formas mais amenas de levar essa vida louca que os artistas levam. Natural de Cuiabá/MT, estudou Engenharia Florestal e, posteriormente, fez formação técnica em Artes Cênicas na No Ato Produções. Lá estudou entre 2009 e 2013. Estudou também com Adriana Lodi, fez cursos de Interpretação para Cinema e TV na TAO Filmes, se aventurou nas investigações de palhaçaria, investiu na carreira com cursos e mais cursos, leu (lê) muito e hoje é um ator que está sempre em cartaz em alguma obra da cidade.
Antonio Chaves estava há dois anos em Brasília e ainda não tinha feito muitas amizades. Entrou na oficina de Teatro de Luana Proença justamente pela curiosidade com a área artística e pela vontade de conhecer gente. Houve ali um casamento com um Antonio que sempre foi cinéfilo e amante de cinema com o Antonio fazedor da arte em si. Essa transição entre espectador e artista foi e é retroalimentada até hoje. A graduação o ensinou muitas noções administrativas, planilhas, orçamentos e escritas de projetos. Isso o possibilitou a colaborar muito com os grupos que fui me envolvendo.
"Descobrindo outras áreas da arte, fui percebendo que não poderia ser apenas ator. Fui aprendendo a logística de produção, técnica de montagem, assistência na direção. Era como se eu aprendesse já sendo estagiário, digamos assim."
Eu o conheci nos ensaios do espetáculo "Tabus?" (2013), da Fábrica de Teatro. Uma porrada de sensações e vivências que transitavam entre a experiência cênica e escatológica. Se o cara que faz uma peça como "Tabus?" não se faz ator, pode desistir, porque ali era teatro pesado e muito visceral. Foi nesse período que me encantei por aquele menino de olhos grandes... Olhos cheios de dúvidas e inquietações, mas super abertos para o novo. Confesso que puxei assunto mesmo! Quis entender o que aquela pessoa pensava, do que gostava, como enxergava o mundo. Tivemos boas trocas e eu sou feliz por isso.
"Naquele ano (2013), eu já tinha passado por algumas oficinas, mas aquele era o primeiro projeto onde eu estava com pessoas formadas, acadêmicos, além de serem atores com muita experiência. E na época houve a abertura, a aceitação e a oportunidade de aprender a cada etapa. Ainda mais num processo que foi denso em muitas camadas. Aprendi muito."
Nos anos seguintes, Antonio percorreu por algumas oficinas de diversas áreas artísticas: performances, roteiro, improviso, teatro esporte, viewpoints, processos criativos, infantis, musicais, cinema, palhaçaria e comicidade. Cada uma com diversas ferramentas e métodos, Nesses caminhos, outros encontros. Encontros com Adriana Lodi, Tereza Padilha, Zé Regino, Grupo O Bando de Portugal, Ricardo Blat, Luciana Martuchelli, Fatima Toledo, Elia Cavalcante, Rafael Soul, Sergio Penna, Ana Flávia Garcia, Amanda Gabriel, Cininha de Paula... e por aí vai.
Aos poucos, o ator foi se instrumentalizando e encontrando o meu próprio estilo, se conhecendo melhor e percebendo quais peças tinham mais a ver com ele. Então veio a parte boa... Começou a passar em testes, trabalhos, audições, e os jobs foram surgindo, principalmente em teatro musical e cinema.
"Encontrei essas duas paixões. O Musical me engrandece de diferentes formas (a musica e a dança me dão consciência de muitas inteligências do corpo e da mente). O Audiovisual e Cinema me desenvolvem para a atuação. Me sinto livre e feliz. Em alguns projetos que não passei no teste, percebo que foi por questão de perfil, mas que não necessariamente o teste tenha sido ruim. As vezes era isso também (risos)."
São muitos os trabalhos que ele fez.
No Teatro:
O SINÔNIMO DE HOJE (2011);
MARANHADO DE HISTÓRIAS (2013);
AUTO DO DIVINO NASCIMENTO (Grupo teatral MAPATI, em 2013 e 2014);
TABUS? (2013 e 2018)
RESQUÍCIOS (2015);
MOULIN ROUGE (2017);
CORDEL DO AMOR SEM FIM (2018);
O REI DO SHOW (2019);
além de estar na equipe de produção de festivais, mostras e espetáculos diversos.
No Audiovisual:
O ULTIMO CINE DRIVE-IN (2013);
O ULTIMO POR DO SOL (2015);
Minissérie MIL DIAS (2017);
O SOL DA SECA (2017);
REFLEXOS (2017),
FLIPERAMA (2018)
ME DIGA O QUE EU QUERO (2018);
ÁVIDO (2019).
EDUARDO E MONICA (2019);
além de clipes musicais.
Atualmente, Antonio está na ACTUS PRODUÇÕES de teatro musical e segue trabalhando em eventos da Caixa Cênica e Posers, além de participar de eventuais campanhas publicitarias rodadas no DF. Em 2020, depois que toda essa crise passar, participará do musical "Rock of Ages" e estará na produção do projeto escola "Circo na Floresta".
O ator defende ainda que as portas estão sempre abertas nos grupos do DF, mas que tudo é gradual, como num relacionamento. Não é só chegar e entrar.... É preciso conhecer as pessoas que fazem a arte acontecer, assim como também é preciso deixar que elas te conheçam também. É preciso também coragem pra que, às vezes, o artista tenha que se meter sim em espaços que não são seus, até pra saber qual é a sua potencialidade e se o projeto e a filosofia do grupo te interessam realmente ou não. A manutenção e a ampliação de espaços também demandam outro trabalho.
"Existem espaços mas não são fáceis de serem acessados. Tem que se meter, ser visto, ver como é o acolhimento, ver como funciona... as 'panelas' vão se formando, os eixos de trabalho ficam fechados nessas 'panelas'... creio ser natural isso. Não tem vínculos empregatícios, salários e afins, então, para ter esses espaços, vamos nos fechando nos grupos que nos metemos. E o relacionamento vai acontecendo enquanto durar."
De acordo com o profissional, a classe artística, como na educação, forma opiniões, empodera uma sociedade e gera seres humanos que questionam, buscam entender a realidade social, politica, econômica, climática, ambiental do país. É tudo misturado e não tem como não ser. A tudo isso, hoje ele inclui uma dose de espiritualidade. Vê no ofício da arte algo sagrado. No amor pelo teatro e nos encontros que ele proporciona, ele comenta que há um "encontro do DEUS dentro dele com o DEUS dentro do outro". Com isso, encerro esta matéria tendo a certeza de que precisamos falar de Antonio Chaves.
"Atualmente, busco equilibrar com as outras demandas: tem o EU ator, mas tem um humano que tem família, que quer sono, lazer, férias e viagens. A busca é sempre evoluir, afinal, estamos nesta existência para evoluir, para aprender, para sermos melhores. Enfim, sigamos..."
ANTONIO CHAVES
Como é lindo ver uma pessoa florescer! Parabéns pela sua história inspiradora Antônio! ;*