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Josuel Junior - Editoria

PRECISAMOS FALAR DE... GREGÓRIO BENEVIDES

Ele está sempre presente em atividades artísticas da cidade e produções audiovisuais. Seu instagram é quase um relicário de seus muitos trabalhos. Entrega, pesquisa e sensibilidade. Precisamos falar de Gregório Benevides!

"O não costume de Adão", por Diego Bressani

O que move as pessoas? Essa é uma pergunta que causa interesse no moço Gregório há muito tempo. Talvez por isso sua primeira formação tenha sido em antropologia. Migrando para as artes cênicas, ele passou a mergulhar fundo na investigação humana, sob o argumento de que para compreender o outro é preciso calçar os seus sapatos. Tá aí uma mistura que tem tudo a ver... Se o ator é um pesquisador, um ator antropólogo é um pesquisador em dobro. E isso é algo assumido e notório em sua trajetória.


O MOÇO GREGÓRIO


Ele começou nas artes se apresentando nas semanas culturais de sua escola durante o ensino médio, participou de oficinas de teatro com Tullio Guimarães, se graduou em antropologia e, tempos depois, passou a se dedicar inteiramente às artes cênicas, se formando na UnB. Nos últimos anos, atuou no filme Pureza (2019) de Renato Barbieri, com a Dira Paes e o Flavio Bauraqui; na série Mil Dias (2018) dirigida por Fernando Honesko, no curta Terra (2018), de Maurício Ferreira, "Um Filme Absurdo", de Tom Motta, entre outros.

Equipe do filme "Pureza", no Festival do Rio

Gregório fez vários trabalhos entre curtas-metragem, peças de teatro, espetáculos de dança e performance, com destaque para a peça Inominável, dirigida por Similião Aurélio e Jordana Mascarenhas; os espetáculos de dança Criblers, de Emmanuelle Huynh, e O [Não] Costume de Adão, de Diego Pizarro.


Para o ator, sentir, ver, estar junto e vivenciar os sentimentos, as ações, os movimentos, as raivas, os amores, alegrias, as dores e tristezas do ser humano traduzem bem o ofício que optou por seguir. Com um olhar atento, o vemos em diferentes workshops, investigações, cursos e vivências de aperfeiçoamento do trabalho do intérprete. Eu diria até que há uma densidade (não pesada) notória em sua carreira. Digo isso como um elogio a um cara que eu sei que pesquisa pra caramba. Um dia ainda sento com ele numa tarde inteira pra tomarmos um café demorado só pra entender melhor o que se passa em sua cabeça.


Recentemente, Gregório pode ser visto em fotos do Festival do Rio de Cinema e as experiências no setor só se acumulam com o passar do tempo. Em 2015 participou de seu primeiro longa, o filme "Campus Santo", de Márcio Curi. Para o filme, foi preparado pelo mestre Mounir Maasri e, desde então, sentiu-se arrebatado pelo cinema. A experiência no filme serviu como uma feliz descoberta: a de que era possível conciliar o aprendizado com a sua própria maneira de abordar uma personagem. Para ele, ficou clara a ideia de que há linhas de trabalho que permitem que o intérprete se emocione com as ações e acontecimentos dentro da ficção.


Aliás, o ator revela que sempre foi apaixonado por filmes da década de 50, 60, e 70, principalmente os italianos, que, segundo ele, foram a razão da sua felicidade durante a adolescência. Obviamente, estar fazendo cinema atualmente faz com que essas memórias pessoais e os anseios profissionais se misturem. Quem trabalha com arte sabe muito bem como é o prazer de exercitar na prática o que um dia foi um estímulo estético e conceitual (poética, vocacional e tecnicamente falando).

Espetáculo "Folego" - Foto de Vitor Barbosa

Sua constante presença pelo mundo do audiovisual exige outras observações entre teoria e prática. Gregório revela que apesar das marcações de câmera (muitas vezes cartesianas), se sente com muita liberdade em cena, percebendo que com o passar do tempo os gestos se tornam mais realistas, e normalmente, mais minimalistas. A possibilidade de viver a ficção, de estar de fato naquela situação, é um dos estímulos para continuar fazendo mais e fazendo melhor.

 

Ele adora o teatro, mas assume que tem ficado um pouco mais distante do segmento nos últimos anos. Dentre os trabalhos cativos, estão as obras “O [não] costume de Adão” do coletivo de dança CEDA-SI, dirigida pelo Diego Pizarro, e o espetáculo "Tante", que foi escrito, dirigido e interpretado por ele e Paula Granato. O primeiro, é um espetáculo que perpassa por muitas emoções. Gregório comenta que assumiu diferentes riscos em cena e, por isso, acha o trabalho bastante autêntico, sendo motivo de orgulho. Já o "Tante" tem como ponto inicial de dramaturgia o transtorno de ansiedade e se desdobra sobre histórias familiares. O ator considera que uma das alegrias de ter feito a obra é o fato de ter conseguido (juntamente com Granato) abordar temas delicados de maneira muito humana, sincera e ao mesmo tempo leve.


Contar histórias tenras, mesmo que doloridas, manter maior constância de trabalho, participar cada vez mais das diversas áreas do processo de criação de filmes, além de atuar, roteirizar e dirigir são coisas que fazem parte dos planos de Gregório para 2020. Se você, leitor, ainda não o conhece, é simples... Deixarei aqui o perfil do Instagram dele. Você também vai stalkear e pensar: "Nossa... Ele faz muita coisa!".



"Eu penso que o sentido da vida é aprender. Quando eu acho algo interessante eu me sinto impelido como um imã, e tem tantos e tantas colegas fazendo coisas incríveis. Como não querer aprender com as pessoas essas coisas maravilhosas que elas fazem?"
Gregório Benevides

A coluna "Precisamos falar de..." sempre escolhe nomes e iniciativas da cultura brasiliense para textos especiais. Ela estava ativa no site Josuel Junior e agora migra para o Portal Conteúdo. A mesma ideia e proposta. Porém, a partir de agora, para público bem maior.

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