Ele é ator, bacharel em Interpretação Teatral pela UnB, respeitado nos palcos e uma das figuras mais recorrentes em produções audiovisuais do Brasil atualmente. Participante da primeira fase do tão aguardado remake de “Pantanal”, Túlio Starling é o entrevistado de hoje do Portal Conteúdo!
Nascido em Belo Horizonte, foi em Brasília que trilhou com vivacidade a carreira teatral. Ator profissional desde 2005, aproveitou as oportunidades dos corredores do Departamento de Artes da UnB pra começar a ter seu repertório de trabalho. Só no DF, foram dezesseis produções teatrais dirigidas por nomes de destaque na cena teatral brasiliense, como Hugo Rodas, Similião Aurélio, Alexandre Ribondi, Adriana Lodi, Iuri Saraiva, Juliana Drummond, Alice Stefânia, Rita de Almeida Castro e James Fensterseifer. Com este último diretor, integrou a Cia. Brasilienses de Teatro na qual trabalhou em cinco espetáculos: "Eu, o Tentador" (2007); "Irmã Teodora e as Desventuras do Cavaleiro Agilulfo" (2008); "Mirandolina", a "Taberneira" (2009); "Pela Metade" (2009); e Cosme Trepado (2011-2012). Foi premiado como Melhor Ator pelo Prêmio SESC do Teatro Candango de 2015, pelo espetáculo musical "Desbunde", de Juliana Drummond e Abaetê Queiroz.
Entre uma peça e outra e um filme e outro, Túlio vai consoidando seu nome como artista contemporâneo no mercado das artes.
Com experiência significativa no cinema, entre curtas e longas metrangens, participou de "A Noite Por Testemunha", de Bruno Torres, trabalho premiado no IV Curta Cabo Frio e no 42° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2009). Fez parte do já cult "Faroeste Caboclo", longa de René Sampaio, produzido pela carioca Gávea Filmes, que foi o grande vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2014. No mesmo ano, atuou no curta "1981", produzido pela Conspiração Filmes e dirigido por Del Regionato. Lançado em 2015 no Vimeo, o filme logo foi selecionado pela curadoria internacional Vimeo Staff Picks. Também filmou o longa "Campus Santo", de Márcio Curi, em seu primeiro papel protagonista no cinema. Entre 2016 e 2022 foram muitos os outros filmes e trabalhos no setor audiovisual, como "Anna", "Bula", "O Pastor e o Guerrilheiro", entre outros.
Em 2010, conheceu Hugo Rodas, importante nome do teatro brasileiro. Ao lado do mestre, participou da fundação da ATA (Agrupação Teatral Amacaca), em 2011, o que marcou fortemente o início de uma experiência única em sua carreira: a experiência prática de coletividade teatral aliada à pesquisa da linguagem cênica e composição de afetividades humanas na lida diária e na carreira de um coletivo de teatro.
De lá pra cá, muitas aventuras. Foram mais de 60 apresentações em festivais e casas teatrais de diferentes estados brasileiros. No festival Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, Tulio esteve em quatro edições: em 2011 com o espetáculo "A Despedida", dirigido por Iuri Saraiva; em 2013, com "Ensaio Geral", da ATA; em 2014, compondo o elenco brasiliense da produção espanhola "La chica de la agencia de viajes nos dijo que había piscina en el apartamento", do grupo El Conde de Torrefiel, de Barcelona/ESP; e em 2015, com duas produções: o musical "Desbunde" e o segundo espetáculo da ATA, "Punaré & Baraúna".
A diplomação na UnB veio com "Abensonhar", baseado em contos do escritor moçambicano Mia Couto. A peça foi dirigida e orientada por Alice Stefânia e Rita de Almeida Castro e apresentada em maio de 2014, em Brasília.
Lembro de vê-lo no palco em três ocasiões. Se não me engano, em "Punaré & Baraúna" (numa apresentação em Ceilândia/DF) e nas peças "Ensaio Geral" e "Desbunde", dirigido por Juliana Drummond e Abaetê Queiroz. Aliás, "Desbunde" foi um desbunde literal. Um dos momentos mais sublimes que tive como artista e espectador na arena do Teatro SESC Garagem. Em cena, atores afrontosos, petulantes, lindos e com uma sagacidade digna de inebriar quem estava assistindo. A peça mostrava uma visão sobre as Dzi Croquetes Dzi Croquettes (um grupo de teatro e dança brasileiro, que atuou de 1972 a 1976) e deixava o público super à vontade assistindo e participando da obra.
Talvez essa petulância e essa sagacidade, tão naturais dos jovens atores, sejam a chave para um start maior do ofício cênico. Uma apropriação de sua própria carreira. Tanto que quando vemos uma peça boa, o impacto dessa petulância (positiva), dessa ousadia (positiva), é o que marca a memória de nós enquanto espectadores. E Túlio já demonstrava ter isso...
Recentemente, o ator protagonizou a ótima série "Hit Parade", do Canal Brasil, no papel do músico/produtor artístico Simão, que está sempre correndo contra o tempo para prosperar com sua gravadora, a Sensacional Discos. Quem conhece minimamente a história da cultura fonográfica e a indústria da televisão dos anos 1980 vai fazer associações diretas ao "Cassino do Chacrinha", ao "Viva à Noite", aos protocolos de gravação da SomLivre, aos cantores de um sucesso só, aos ídolos inventados e, claro, ao alto consumo de cocaína nos bastidores. Em suma, é uma grande comédia de erros que se mistura aos dramas e tragédias dessas personagens quase caricaturais. A obra está na íntegra no Globoplay.
Agora, para a surpresa dos noveleiros e noveleiras de plantão, saiu na última semana a notícia de que Túlio faz parte da primeira fase da novela *“Pantanal”, clássico de Benedito Ruy Barbosa que terá nova versão na Globo. Na trama, ele será Chico, único filho sobrevivente de Gil (Enrique Diaz) e Maria Marruá (Juliana Paes). Sobre isso, o ator conversou com o Portal Conteúdo:
“Eu vi a reprise de ‘Pantanal’ no *SBT, em 2008. Via todo dia e esperava a hora de passar. Achava o trabalho de Antonio Petrim incrível”, comenta.
Para a nova versão de Pantanal, a equipe e o elenco tiveram contato com relatos de atores da primeira versão da Manchete por meio de workshops e bate-papos por videochamada.
“Nos eventos preparativos, que foram gerais pro elenco da novela, tivemos palestras com artistas que participaram da versão original. Paulo Gorgulho, Marcos Palmeira e Cristiana Oliveira nos contaram histórias dos bastidores e deram uma noção do que foi gravar ‘Pantanal’ no Pantanal em 1990. Foi muito interessante ouvir os relatos deles", revela Tulio. O ator contou também que nas conversas e trocas de informações do elenco antigo pro elenco atual, algumas curiosidades vieram à tona:
"Ouvi de Cristiana e Paulo que, por ter sido um trabalho imersivo e por estarem muito tempo nas locações em uma fazenda, a vivência e a intimidade eram reais, bem como a surpresa em saber que fora dali a novela era um sucesso na TV. Falaram que Claudio Marzo é quem mantinha a ordem e isolamento, tocando a egrégora de concentração."
Os veteranos contaram, inclusive, que alguns capítulos gravados em fitas iam de avião pro Rio de Janeiro. La, na Manchete, os arquivos exportados, algumas vezes deveriam entrar no capítulo do próprio dia.
As cenas de “Pantanal” que Túlio gravou são referentes à primeira fase da novela, quando a família de Juma, cai numa emboscada na região do Vale do Sarandi – o que leva a personagem de Maria Marruá fugir para o Pantanal Matogrossense.
“Entrei sabendo que era uma participação pequena, mas muito boa. Eu tinha visto a novela e já sabia como seria o desfecho da minha personagem. Fui super bem recebido e fiz um trabalho lindo com Juliana Paes e Enrique Diaz (que fez a minha personagem em 1990). Admiro ele desde que eu era estudante da UnB. Vi “Gaivota - Trecho pra um conto curto”, da Cia. dos Atores, com ele em cena. Foi uma peça muito importante pra mim como criador cênico. Gravar com Enrique foi um presente. Com Juliana também, claro. Muito generosa e simpática. Agradeço a todos... Fui acolhido pela preparadora de elenco, tive a alegria de ser dirigido por Rogério Gomes e a equipe dele”, celebra.
A consciência de que o ator precisa se mostrar Túlio tem. Foi essa consciência que fez com que fosse ele seguisse a carreira e se aventurasse após a UnB. O ator viajou para São Paulo em 2017 e passou a entrar num fluxo de trabalho mais contínuo, seja com o Teatro Oficina, onde teve muitas experiências, ou com experiências audiovisuais.
“Obviamente, estar focado num plano de carreira não significa que eu não pensasse num Plano B. Fui trabalhando com atuação e fazendo o meu corre. Sempre consegui me arranjar. Adoro trabalhar e fazer meu trabalho. Cada encontro ou modo de produção é um jeito de aprender. Uma aventura!”
O artista acredita estar vivendo seu melhor momento na carreira. Atualmente é agenciado por uma empresa e tem consciência do quanto isso é importante pra se manter no mercado brasileiro, afinal, assim as oportunidades de testes de elenco chegam aos profissionais num volume maior.
“Tem uma música do compositor Mauricio Pereira, pai do Tim Bernardes, que me toca muito. Ela conta o dia útil de um artista. Fala algo sobre alguém que ganha pra estar brilhante num dia útil. Que tem que entregar o coração. Talvez seja isso nosso ofício: Estar com astral positivo pra se chegar ao fim do dia e estar com o coração aquecido. Tenho tentado não alimentar muita ansiedade quanto aos novos trabalhos. Ansiedade é bom, mas também atrapalha. A gente segue! Vambora. Vamos nessa... Tem que ter uma!"
Por essas e por outras, precisamos falar de Túlio Starling!
Siga o artista no Instagram: @tuliotuliotuliostarling
*Pantanal tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2022 em substituição à novela Um Lugar ao Sol, às 21h.
**O SBT comprou as fitas originais da novela num Leilão da massa falida da Rede Manchete em 2008. Com isso, exibiu Pantanal em 218 capítulos, mediante a processos diversos na época.
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